Frase(s) do dia

"Cala a boca" By: Cátia Colaço

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Destino no autocarro...(?)

Bem eu hoje ia muito descansado no autocarro, a ler o livro do Slash, quando entra uma miúda e se põe ao meu lado, em pé durante a viagem praticamente toda. Quando olhei para baixo, vi uns All Stars e pensei "se calhar é a miúda dos Dragonforce".

A primeira vez que a vi, que foi no ano passado, só me lembro de ela vir a ouvir uma música muito alta nos fones, devia ser dos Dragonforce, não sei porquê mas fiquei com essa ideia... e desde aí, nunca mais me esqueci da miúda dos Dragonforce.

Ontem voltei a vê-la, ela trazia uma mala com vários nomes de bandas escritas a corrector, entre as quais Nirvana e Poison, o que me chamou à atenção. Olhei para o lado contrário ao que ela estava, para ver se era ela pelo reflexo no vidro, com a intenção de não dar muito estrilho. "Foda-se é mesmo ela" pensei, mas não liguei muito.

Achei estranho ela ter ficado ao pé de mim quando havia lugares vagos, mas continuei entretido com o livro. Cheguei a uma página onde estava o Slash a tocar numa altura em que se vestia à glam e reparei pelo vidro, que ela tinha ficado a olhar fixamente para o livro, mas quando olhei directamente ela desviou o olhar. Tentei não rir. Entretanto ela sentou-se à minha frente.

Continuei a ler e quando cheguei a duas paragens antes àquela em que eu saio, comecei a guardar o livro, como sempre faço. Mas antes de o guardar, fiquei um bocado a observar umas imagens que há lá, entre as quais uma com o Slash e o Steven Adler, o que chamou também à atenção dela.

Entre o momento em que eu guardo o livro e o momento em que saio do autocarro, houve alguns momentos em que eu olhava para ela, mais para a camisola dela e ela tentava desviar o olhar quando via que eu estava a olhar para ela. Reparei de imediato na camisola dos Children of Bodom que ela trazia vestida e fiquei alguns segundos a olhar para a mesma.

Quando dei por mim já tinha passado pela minha paragem, por isso tive que sair na paragem a seguir. Ela saiu comigo e, já lá fora abordou-me "ei, reparei que estiveste a olhar para a minha camisola". Fiquei meio constrangido, não sabia o que dizer, e passado uns segundos respondi-lhe. "E eu reparei que estiveste a viagem toda a olhar para o meu livro. E reparei também que tens um gosto musical parecido com o meu, pela tua mala de ontem". Ela riu e disse que não sabia qual era o meu gosto musical, mas que gostava de Guns N'Roses e tomou por pressuposto que eu também, por causa do livro.

Ficámos um bocado a conversar na paragem e eu reparei que temos muitas coisas em comum, para já, vivemos no mesmo bairro. Temos praticamente os mesmos gostos musicais. Somos os dois desenquadrados da sociedade e pouco nos importamos. Nem eu nem ela temos ar de ricaços, se calhar, até pelo contrário, e é assim que gostamos de ser. Ambos somos criticados pelos nossos cabelos, e nem queremos saber. Gostamos os dois do próprio cabelo, e do cabelo um do outro, o que, é raro. Temos ideias parecidas e ambos queremos dominar o mundo. Nenhum de nós se importa com os olhares de lado dos mais velhos (ou simplesmente, dos velhos) no autocarro; e é muito fácil conseguir que os velhos nos olhem de lado. Já tínhamos reparado um no outro em outras ocasiões. Entre muitas outras coisas que temos em comum e é difícil de encontrar nas outras pessoas.

Gostei da personagem dela, é uma rapariga acessível e não se importou pelo facto de além de ter estado o final da viagem a olhar para a camisola dela, também ter estado a olhar para as mamas, embora que inevitavelmente. Sinceramente, estava mais interessado em apreciar numa rapariga um aparente bom gosto musical que umas boas mamas, que isso há muito por aí. Ela até achou piada quando lhe disse "desculpa lá ter parecido que 'tava muito interessado nas tuas mamas, é só que com a camisola... coiso".

Depois de um bocado, acompanhei-a à rua dela, mas ela não quis que eu fosse com ela a casa. Não me importei; já tinha ganho o dia de qualquer modo. Eu disse-lhe que já tinha reparado nela noutras ocasiões e contei-lhe a cena de achar que ela 'tava a ouvir Dragonforce. Ela nem os conhecia e fiquei de lhe mostrar algumas músicas.

O que é giro, é que, com tantos sítios para conhecer pessoas, acaba-se sempre por conhecer as pessoas mais interessantes nos sítios mais inesperados. Quer dizer, podia ter sido na escola, no salão de jogos, no Camões. Mas não; foi num autocarro, que, por mera sorte (/destino) estas duas almas se encontraram mais que uma vez e finalmente tiveram um diálogo.

Quando cheguei à paragem estava um 42 (que é o autocarro que eu apanho) já a partir, e, desconfio que se não tivesse os pesos nos pés, tinha ido pelas escadas rolantes (sim, comprei pesos para os pés e experimentei-os a subir as escadas da saída do metro do Saldanha no Arco do Cego), tinha apanhado o primeiro 42 e não a tinha visto. E este post nem existia... faz pensar um bocadinho, mas é pó lado que dormimos melhor.

Por isso, mensagem a reter, quando virem uma miúda no autocarro com uma camisola de uma banda que vocês gostam, saiam na mesma paragem que ela e metam conversa. Ou esperem que ela meta conversa, ou olhem para as mamas dela para que ela meta conversa.

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