Frase(s) do dia

"Cala a boca" By: Cátia Colaço

sábado, 8 de abril de 2017

"Suneina" - 22-11-2011

O tempo acaba e há coisas que se deixam por dizer. E isso faz-nos chorar. E eu dou por mim a chorar. Porquê? Vou começar do início, e quem tiver paciência que leia até ao fim, mas eu tenho mesmo de dizer isto. Suneina. Dou por mim a olhar para fotografias tuas e as lágrimas quase me vêm aos olhos. Impressionante, lembro-me de algumas das fotos como fossem memórias vividas, de um passado não muito distante. Lembro-me perfeitamente de tudo, a tua roupa, os teus medos, manias, o teu sinal na garganta (xD), das banduletes... de tudo. É nostálgico. Vejo um vídeo de uma reportagem que fizeram quando a Raw (xD) veio cá, em 2007/2008, e na reportagem apareces tu. Toda contente, a falar do Randy Orton. E aí sim, não aguentei e as lágrimas consumiram-me. Sim, passado tanto tempo esquecido, chorei pela Suneina. Chamem-me hipócrita, maluco... o que quiserem. Tudo bem. Mas não me podem julgar uma coisa que não compreendem. Dizem-me para ultrapassar isto. Mas eu estou a ultrapassar. À minha maneira, mas estou. Não me faz bem estar assim (assim como? Já vamos a isso)? Mas faz. Faz-me muito bem estar assim, apesar de estar a sofrer. Sofrer é bom. A dor é boa. A dor é o primeiro passo para a cura. E quem não sente dor é porque não tem coração. Ultrapassar... Não é a fugir (como tenho vindo a fazer) que vou ultrapassar. Já tentei, e não resultou. Ou melhor, foi fugir que me fez estar a escrever isto agora. Quanto mais fujo, menos consigo ultrapassar, logo para ultrapassar há que parar de fugir, e começar a encarar, e lá está, a sentir a dor, que faz bem. Por ter tentado fugir é que estou nesta situação. E agora, que tenho andado a falar sobre ti, sinto que tudo o que tinha cá dentro acumulado sobre ela, está finalmente a sair, e consequentemente a libertar-me. Parece que tenho um buraco no coração, e tudo o que estava e está acumulado está agora constantemente a sair cá para fora. E isso causa dor, claro, mas é dor que é boa. É uma sensação única e estranha. E eu gosto. E é isso que me está a fazer bem. Doi? Claro que doi, mas é uma dor de alívio, estou a libertar-me. A libertar-me de coisas que estavam acumuladas há meses e algumas há anos, e algumas nem eu sabia que estavam cá dentro. Ao mesmo tempo, é uma nostalgia sem igual, que me consome e outra vez, chega a doer. E eu gosto. E está a fazer-me bem. Coisas que eu julgava que não tinham importância nenhuma... afinal tinham e se calhar nem me cabe na cabeça o quanto. Coisas que, incoscientemente, me consumiam e me prendiam até de conseguir estar completamente solto no dia-a-dia, salvo algumas excepções. Mas mesmo as excepções, não me caíam tão bem quanto deviam. Porquê? Porque havia qualquer coisa cá dentro que não me deixava libertar a mente. Coisas essas, que eu julgava algumas até ter esquecido. Mas não. Não se esquece. Nunca. Está tudo fechado numa caixa a sete mil chaves, bem funda dentro de mim... conscientemente quase esquecida, mas insconscientemente sempre lembrada. Daí eu nunca ter percebido realmente o quão era importante procurar-te, Suneina, quando soube que não estavas bem... e até antes disso... quando sentia que havia algo que não estava bem. Sinto imenso a tua falta. Não como namorada, isso sabemos que acabou há muito. Mas como alguém que eu sei que está cá, que é importante e que está bem. Sinto essa tua falta. As coisas não ficaram resolvidas, e ultimamente tenho andado a pensar imenso nisso. É como ter uma pessoa a quem precisas de dizer imensas coisas, mas agora não podes... as coisas ficam cá dentro acumuladas e corróem-te aos poucos, sem sequer te aperceberes até um certo ponto de transbordo, explosão. Nesse ponto de explosão, chegas à conclusão que não consegues mais e tens de falar com a pessoa. E é aí que te apercebes que chegaste tarde. E isso também te corrói, porque antes, sabias inconscientemente, algures dentro de ti, que precisavas de ver a pessoa, e agora que tens a certeza, não podes. Outra coisa que corrói; arrependimento. Arrependimento é dos piores sentimentos que uma pessoa pode ter, corrói lentamente, é uma corrosão que ocorre lentamente, mas gradual, e que chega uma altura que... não dá mais. E eu arrependo-me de duas coisas, mas agora que estou arrependido, não posso fazer nada, e isso magoa-me e destrói por dentro. Houve momentos em que pensei mesmo procurar-te. Cheguei a pensar ir visitar-te/procurar-te ao hospital onde me disseram que estavas... mas antes disso ainda te liguei. Lembro me das tuas palavras como se tivessem a soar na minha cabeça agora mesmo "está tudo bem, Miguel... não te preocupes"... e disseste isso, não num tom zangado ou a despachar-me, mas num tom simpático, e isso foi o maior conforto que me podias ter dado. Mas mentiste. E não te culpo, eu compreendo... A partir daí comecei a pensar em ti, de vez em quando, mas não no sentido de "damn it, quero-a de volta", mas no sentido de "damn it, algo me diz que há algo com ela que não está bem". E ficou muita coisa por resolver, entre nós, mas agora que olho para trás... só o facto de me teres atendido o telemóvel (xD) acho que mostra que acabou por ficar tudo bem, e espero estar certo... e se não estiver, por favor dá-me um sinal, um sinal óbvio, faz com que me caia um piano em cima ou assim porque eu quero ter a certeza! "Em Setembro vou sair daqui". Meu Deus, e como tinhas razão... Tu sabias... E tentaste, à tua maneira, que ninguém mais soubesse. Deste antes de Fevereiro de 2010, que comecei a receber sinais, em como te devia procurar, repito, receber... mas não processar. Oh, e foram tantos... E eu só me apercebo agora, e era tudo tão óbvio, mas não vou (agora) entrar em detalhes... nesses sinais, vejo muita ironia... demasiada, para ser "por acaso". Nada é por acaso. Nada. Dou por mim a escrever isto... mas a realidade é que não sei se estas palavras vão chegar a ti, gosto de acreditar que sim... mas acreditar parece que nem sempre chega. Dizem-me para não pensar nisto, mas é impossível. E aliás, eu quero pensar nisto, e mesmo se não quisesse, é inevitável, e os últimos meses da minha vida provam isso mesmo. Ao menos, a última imagem que tenho tua... estavas bem. Bem... esta palavra é tão usada, que às vezes chega a perder o seu verdadeiro sentido... o que eu quero dizer, é que estavas realmente bem... Mas, mesmo com essa última recordaçao visual boa, eu gostava de ter estado lá dia 1 de Setembro de 2010 só para te ver... uma última vez. Ao longo desse tempo que sentia que alguma coisa não estava bem, tentei manter-me (sentir-me) perto de ti, ao fazer as coisas mais variadas, mais estúpidas e mais sem sentido que consigo imaginar, tendo em conta o objectivo. Coisas que aparentemente não tinham nada a ver contigo, e aparentemente fazia parte do meu dia-a-dia, mas nada disso, sempre que as fazia, lembrava-me de ti. O exemplo que vou dar é da altura em que andei (com uns amigos) a atirar ovos ao Benny Boy, Bernardo Dias (desculpa aí o mau jeito, mano ;) ). Sim, eu a atirar ovos ao Benny lembrava-me de ti, e mais que isso, sentia-me um pouco mais perto de ti. Parece ridículo, estúpido e sei lá mais o que, mas a verdade é que ele estava ligado a ti de alguma forma, e por ele estar ligado a ti, ao estar eu a "conviver" (à falta de melhor palavra) com ele, sentia-me ligado a ti também, ainda que fosse a persegui-lo na rua para lhe atirar um ovo à cabeça. Nunca cheguei a interiorizar o que realmente se passou dia 1 de Setembro de 2010, e nem agora, passado quase um ano, nem agora interiorizei. E isso corrói também. Precisas de, pelo menos ver uma pessoa, ao mesmo tempo sabes que é impossível, mas nem realmente está interiorizado o porquê. É demasiado para a minha cabeça, por agora. E o que me "chateia" é só o facto de não poder ver que estás minimamente bem. E custa? Custa. Custa não ter como te ver, e não é pouco. Eu não encaro a morte como uma coisa má. Simplesmente não encaro porque na realidade não sei o que é... nunca passei por isso. Não sei realmente o que é a morte... mas uma coisa sei e sinto e tenho a certeza... eu ainda te vou ver. Sinto-me honrado e privilegiado por ter passado dezasseis meses da minha vida ao teu lado, o que nem é muito, mas já é algum tempo... Fiz-te uma promessa há tanto tempo atrás, Suneina, e tenciono cumprir. Qual? Tu sabes, e deixo assim por enquanto, mas mais tarde ou mais cedo, toda a gente vai saber. E isso, é uma promessa. Bem, e com isto acabo de escrever. Olho para trás, releio e repenso. E pergunto-me. "A sério, Miguel? Só tens isto para lhe dizer?" Claro que não mas nem sempre conseguimos escrever tudo o que pensamos, nem sempre há ou temos as palavras certas, mas isso não importa. Sei sentir o que ainda não sei escrever, e isso ninguém me tira... "Porque as estrelas somos nós." :) 22-Novembro-2011, Parabéns, Adoro-te amiga, e vemo-nos mais à frente na estrada.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Just another cigarette starring at the moon



Bem, já fui comparado inúmeras vezes a inúmeras coisas, inclusive a cigarros. E já fui comparado a cigarros por pessoas com quem não me importava especialmente, e por pessoas de quem gostava realmente. Por isso, ya posso dizer que me magoa. Mas, depois de pensar e reflectir um bocado (umas semanas) sobre isso, posso dizer também que até concordo, e que compararem-me a cigarros não é um absurdo total.

Vejamos, segundo a primeira pessoa que me comparou a cigarros, sou viciante e mato lentamente. Well, quanto a ser viciante não sei, mas matar lentamente, pode dizer-se que sim, toda a gente tem esse efeito numa ou noutra pessoa e eu não devo ser excepção, pelos vistos.

Well, a última pessoa a comparar-me a cigarros, até tem uma certa piada. Ela disse que eu sou como cigarros porque às vezes dá-lhe vontade de voltar a "fumar-me" mas que não pode porque faz-lhe mal. E, quanto a isso, não posso fazer nada. Como eu já disse num post anterior, todos fazemos mal uns aos outros, é a natureza humana.

Bem, o meu nome rima com uma marca de cigarros xD...

Mas a verdade é que, sim, pode dizer-se que eu sou como um cigarro... Mas não é por ser viciante, ou por fazer-te mal, ou por matar lentamente (--'), ou pelo menos não é so por isso. Vejamos, quando tens um cigarro e o acendes, ele vai lentamente tornando-se em cinzas. E, à medida que o cigarro vai queimando, vai deitando fumo, vai deixando rasto, as cinzas que vão sendo formadas na ponta, vão caindo, e o cigarro vai ficando cada vez diferente, despindo e perdendo partes outrora de si. Quando lhe tocas com a boca e lhe dás um ou outro bafo, aceleras um pouco o processo, e na realidade, mais cedo ou mais tarde, o cigarro acaba por chegar ao filtro, ao fim. E depois, deitas fora.

E, se repararmos, as cinzas que caem de um cigarro, são como areia a cair numa ampulheta, à medida que o tempo acaba... à medida que chega ao fim.

Like falling ashes, like sands falling in an hourglass.

sábado, 19 de março de 2011

Nuvens

Nuvens. Eu gosto de nuvens. Não, não são nuvens mágicas tipo a do Dragonball, ou nuvens metafóricas (apesar de também se adequarem), mas quando digo nuvens, estou a falar mesmo das nuvens que vemos no céu. Há quem diga que as nuvens são mentirosas. Não são.

Eu acredito nas nuvens, elas dizem-nos as verdades. As verdades de quem está bem, bem alto, no céu... ou bem, bem alto na terra. As nuvens dizem as verdades para quem quiser ouvir, e para quem não quer, são apenas nuvens e não dizem nada.

Bem, as nuvens na verdade dizem-nos mais vezes aquelas coisas que dentro de nós, já sabemos, mas como já as aprendemos há tanto tempo, já não nos lembramos. Mas as nuvens também dão novidades... Prevêem o futuro. Yep, é isso. Quando nos dizem que vai chover, vai mesmo chover, e não é só literalmente... Mas também, quando as nuvens se afastam e nos dizem que vai fazer sol... é porque vai fazer sol, e mais uma vez, não é só no sentido literal.

Bem, mas o que eu quero dizer... é... olhem para as nuvens. Elas falam connosco, dizem-nos de todo o tipo de coisas... sim, não falam só do tempo. As nuvens dizem tudo o que precisamos de ouvir, sem precisar de fazer (quase) nada. E não dizem o que precisamos de ouvir para nos sentirmos melhores, dizem-nos o que precisamos de ouvir para seguirmos em frente... para o melhor, e para o pior. E mais. Não só dizem, como mostram.

Olha para as nuvens... mas é claro... há que saber lê-las. Porque se não souberes... não passam de nuvens.

sábado, 27 de novembro de 2010

Forgiveness

O perdão é algo que todos temos dentro de nós. Mas tão poucos estão dispostos a mostrar. Na verdade, todos fazemos mal uns aos outros, estamos todos fodidos da cabeça, é a natureza humana. E a verdade é que eu te fiz muito mal. Então, consegues encontrar no teu coração uma maneira... de me perdoar? Por favor :)

sábado, 4 de setembro de 2010

So this is the end...

Há pouco mais de 10 anos havia este miúdo que estava para entrar pela primeira vez na escola primária. Tinham-lhe dito que ia aprender montes de coisas na escola, que os professores iam-lhe ensinar imensas coisas novas, e que ele ia adorar.

Esse miúdo esperou, atentamente, pelo momento em que alguém lhe ia ensinar aquilo que ele queria aprender. Esperou e esperou, e nada.

Passou um ano, passaram dois, três, quatro...passaram sete anos e nada. Foi aí que ele começou a perceber que não era isto que ele queria.

Foi aí que fez aqueles que daí a uns anos seriam grandes amigos, e foi aí que descobriu aquilo que daí a anos...meses...dias, seria aquilo que ele queria aprender.

Ele cresceu, os amigos cresceram, fez novos, esqueceu antigos... muita coisa mudou... mas o seu desejo de aprender o que fosse que queria aprender... não mudou. Ou melhor, mudou. Cresceu com ele e tornou-se num desejo.

Ele teve que ouvir muitos "nãos" e aguentar muitas gargalhadas vindas de fora... mas nada mudou esse desejo, que mais tarde se tornou no sonho.

Passou por muitas alegrias. Muitas tristezas. Muitos risos. Muitas fases. Alegria. Depressão. Extrema alegria. Extrema depressão. Viu muita gente, observou muitos comportamentos e aprendeu.

Afinal, o que lhe tinham dito há 12 anos atrás era verdade; ele aprendeu, de facto muita coisa... mas nenhuma (ou quase nenhuma) lha foi ensinada pelos professores.

Aprendeu que há coisas que não se aprendem por outrém, apenas se nasce com elas e as aperfeiçoa... ou não nasce com elas. Aprendeu que esse é o verdadeiro conhecimento, e não o que está nos livros. Esse conhecimento não é conhecimento, é apenas informação. Cada um aprende sozinho a conhecer. E quem não aprende, nunca lhe poderão ensinar, porque não é algo que se ensine.

Aprendeu que os olhos das pessoas dizem mais que a cor que mostram, e os lábios dizem menos que o som que ouvimos...e não só...

Aprendeu a dar conselhos: 1ª:não digas tudo o que sabes. 2ª:...

Aprendeu a distinguir o verdadeiro do falso, e além disso.

Viu muita coisa, muitas pessoas.

Passou por muito, e...

e...enfim.

So, this is the end of the road... but it has been a hell of a ride.

terça-feira, 29 de junho de 2010

A minha realidade é um sonho.

Acordei. "Foda-se mais um dia" -pensei.

Levantei-me, fui para o banho, vesti-me e meti-me no autocarro para a escola. Pus-me a ler o livro do Slash enquanto ouvia o good ol' Appetite for Destruction.

Chego à escola e enquanto cumprimento o Sr. Pereira (porteiro da escola em certas alturas do dia), penso "lá vai ele dizer 'mais um dia' ".
-Bom dia Senhor Pereira.
-Bom dia Miguel, mais um dia -diz ele, para (não) variar.

Enquanto subo as escadas e me preparo para mais um dia noto numa rapariga que está ao canto, a olhar-me. Retribuo o olhar e olhamo-nos fixamente por uns momentos. Continuo a subir as escadas e chego à sala. Tudo normal. Mais uma aula de Português daquelas que parecem não ter fim.

No fim da aula, quando saio da sala, vejo a mesma miúda no corredor. Não sei quem ela é, não sei o que gosta e o que não gosta... aliás, nem sei o nome dela, mas só o facto de a estar a ver, faz-me sentir melhor. É estranho, porque não conheço a rapariga, mas não importa. Não me importava de a conhecer. Ou de falar com ela. Mas não penso muito nisso e sigo caminho para fora da escola, para ir ter com o pessoal.

Pouco depois temos de voltar para a sala, para mais uma aula de Física. Odeio estas aulas. Okay, não odeio mas não gosto propriamente. O que vale é que o stor é fixe. Na volta para a sala volto a ver a tal rapariga. Ela olha-me por uns momentos e eu olho-a nos mesmos momentos. Olhamo-nos nos olhos por meio minuto e não trocamos uma palavra, mas fico diferente. Sinto alguma coisa dentro de mim que fica diferente. Entro na sala a pensar nisso...nisto...nela.

Mais uma aula de Física que passou e por alguma razão saí bem chateado da mesma. Não me apetece ver ninguém, muito menos falar com alguém. É aí que vejo a miúda outra vez. Bem, ela está em toda a parte, não é que me importe, só acho que podia falar com ela... aliás, que devia falar com ela. Um "olá", qualquer coisa. Penso nisso enquanto ando na direcção dela. "É agora..." olho para ela "...vou falar-lhe" passo ao pé dela. Páro. Olho para trás. Ninguém. Estamos sozinhos e... nada. Continuo a andar. Vou-me embora "que se lixe".

-Hey Miguel, vais à aula de Português?
-Outra? Não me parece.

Decido não ir à aula de Português, até porque não me apetece ver uma certa pessoa (e não, não é a stora) e vou dar uma volta à Gulbenkian.

No caminho encontro a tal miúda. Não sei o nome dela, mas é desta.
-Hey, olá. Tudo bem?
-Sim e tu? Olha estou com pressa.
É nessa altura que ponho o dedo na testa dela e ela chateia-se, por qualquer razão.
-Ai não faças isso! Olha, tou mesmo com pressa, até depois.

E foi-se embora.

"Boa, agora é que não a vou conhecer. Bem, azar."

Preciso de um tempo sozinho e por isso vou para a Gulbenkian. É para lá que vou quando estou chateado ou simplesmente quando não sei como estou.

Quando volto para a escola volto a vê-la. O que se tinha passado há bocado tinha sido há bocado, de maneira que penso ir falar com ela outra vez. Está calor e como tenho uma lata de coca-cola fresca na mão, acho que é um bom pretexto para começar a meter conversa.

Encosto a lata de coca-cola à cara dela. Ela fica toda atrofiadinha, mas ve-se que gostou.

-Desculpa lá aquilo de há bocado, eu estava chateada com umas coisas -afirma ela.

Fica tudo bem e vamos dar uma volta. Conversamos sobre nós e venho a saber que ela gosta de música (e de boa música!) e que ela toca piano. Estou curioso.

-Olha, queres vir a uma loja de música comigo? Para te ouvir tocar qualquer coisa.
-Tudo bem.

Adoro estar com ela e apesar de a viagem à loja de música ter sido quase sem diálogo sinto-me feliz por estar com ela, sem sequer saber porquê. Nem importa.

-Tocas muito bem, gostei muito de te ouvir.
-Ohh obrigada.
-Gosto de estar contigo, estas últimas 7 horas têm sido muito especiais.
-Oh, eu também gosto de estar contigo.
-Queres vir à Gulbenkian? É fixe lá...
-Tudo bem.

Mais um passeio quase sem diálogo, mas a química continua e cada vez as borbuletas na minha barriga são mais, e mais intensas.

-Olha, gosto deste sítio, vamos sentar-nos aqui.

Sentamo-nos e olhamo-nos por um momento. Ninguém fala, limitamo-nos a olhar. Não sabia o que se estava a passar, mas era bom. Muito bom. E, de repente. Do nada. Começamos a aproximarmo-nos, até que os nossos lábios se tocam. E se beijam. O beijo é prolongado e o tempo pára. Esqueço-me de onde estou, das horas que são, de tudo. Só não me esqueço que estou com ela. Estou noutro sítio, mas com ela.

Deito-me e ela deita-se comigo. Fico um bocado a olhar para o céu e começa a chover. Instala-se um silêncio constrangedor. Limitamo-nos a ouvir a chuva. Por alguma razão, sinto que aquilo foi errado. Que não se devia repetir. Ao mesmo tempo sinto que foi maravilhoso, e tinha que se repetir. Ela é tão especial, e única e não me sentia assim há muito tempo. Voltamos a beijar-nos. Não há uma palavra e a chuva pára.

Ficamos ali, no meio da Gulbenkian e ao mesmo tempo no meio do nosso mundo, e o tempo passa sem darmos conta. São quase 8 da noite.

-Está tarde. Tenho que começar a ir para casa.
-Tudo bem.

Volto ao mundo dos mortais. E começamos a ir embora. No caminho, mostro lhe montes de músicas. Músicas que me fazem pensar nela. Ela gosta. E eu gosto que ela goste.

-Temos mesmo que passar pela escola? -pergunto lhe.
-Sim. Qual é o mal? Toda a gente já sabe.
-Sabem o que? -inquiri.
-Que nós andamos.
-Mas nós não andamos -respondi de seguida.

A caminho de casa dela passamos pela escola, onde está praticamente toda a gente. Vêm-nos de mãos dadas, e os queixos só não caem no chão porque estão presos ao resto da cara. Está tudo espantado. Ninguém estava à espera de me ver com ela. A mim. Com ela. Nem eu estava à espera.

-'Bora só passar pelo McDonald's? Tou com fome.
-Tudo bem...
(já sentados)
-Olha a minha mãe perguntou-me quando tu me pedias em namoro...
-Isso já não se usa -disse, com um sorriso.
-Foi o que lhe disse... -disse ela.

Um pouco antes de chegarmos a casa dela, paramos e começamos aos beijos na rua.
-Olha, queres namorar comigo? -perguntei, embaraçado.
-Nao. -disse ela com um sorriso parvo.

Ri-me e continuámos aos beijos.
Ela tinha dito que não, mas eu sabia que era um sim.

Chegámos a casa dela. Ela entra em casa e eu fico cá fora.

-Hey, tenho bilhetes para o Slash, queres vir?
-Claro! Deixa-me só ir falar com a minha mãe. Digo-te mais tarde.
-Tudo bem.
-Mais uma coisa... toma.
Dou-lhe uma pulseira igual a uma que eu tenho.
-Para te lembrares de mim. Beijinho.
-Até já, beijinho.

Conto da minha história com ela a uma amiga (cofDanielacof) ela diz que está errado e que não devia seguir... fico a pensar no assunto mas rapidamente deixo em standby.

Vou ter com o pessoal, o Matos, Francisco, Santos e Garcia. Estamos prestes a entrar no coliseu e não há sinal da rapariga. O concerto começava às 9 e como eu não os queria reter cá fora por minha causa, por estar à espera dela, digo-lhes para irem entrando que eu já vou lá ter.

"Estou ao pé do Hard Rock Café" diz-me ela por mensagem.
Como o Speedy Gonzalez, meto-me no Hard Rock e vou ter com ela. Vamos juntos ao concerto (mais o pessoal) e devo dizer que a Sweet Child O'Mine, estar a ouvir essa música com ela nos meus braços foi o melhor momento (ou dos melhores) de que me recordo. Passámos o concerto juntos e depois ainda estivemos na rua um bocado.

A mãe dela leva-me a casa (simpática), e no momento em que entro em casa sinto imensas -mas imensas!- saudades dela, e tinha estado com ela há 5 segundos.

Deito-me na cama, cansado e ponho-me a ouvir a Ballad of Jayne dos L.A. Guns vezes e vezes sem conta.

...

Acordo com o barulho do meu telemóvel a vibrar em cima da mesa.
"Merda foi só um sonho. Quem foi o atrasado que me acordou?"

Mensagem de Alice
"Amo-te"

:$ não foi um sonho.

"If you got something, that fills your life, fills your space, but deep down inside you know it ain't right... don't ever give up hope. There's something out there and all you have to do is just hold on and believe." - W. Axl Rose

P.S.: Esta história não aconteceu toda no mesmo dia (até porque o Slash não veio cá num dia de aulas), mas o que fiz foi condensar vários momentos nossos todos num só dia. Escusado será dizer que a nossa história não se resume só a isso.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Live for the moment

Sempre fui de viver para o momento. Nunca penso em muito mais do que as próximas 24 horas e tento não planear coisas para muito tempo depois do momento. Gosto de correr riscos e sentir a adrenalina de me safar dos mesmos. Devo dizer que já estive perto de me lixar a sério várias vezes e tenho orgulho em dizer que me safei de todas, ou quase.

Se há uma oportunidade de fazer alguma coisa "malucamente adrenalinática", faço-a e raramente penso nas possíveis consequências. Sou do tipo de pensar "ya, existem consequências, mas comigo não" e mantenho o pensamento até me acontecer alguma coisa de muito má. Um dos acontecimentos que me levaram perto de me porem na merda foi no ano passado, na Piscina Oceânica.

Quem vai à Piscina Oceânica sabe que há 4 pranchas para as pessoas saltarem. Há uma de 7 metros e meio, uma de 5 metros, uma de 2 metros e meio e uma outra demasiado pequena para eu sequer me interessar em saber a altura.

Quando vi a prancha de 7 metros e meio, até delirei, adoro saltar de sítios altos, sentir a queda e sair vivo da mesma. É a minha zona de conforto, sinto-me livre e capaz e na altura como estou noutro planeta, não penso nas consequências. Não consigo.

No ano passado fui lá a primeira vez com o Matos e o Garcia. Foi brutal, divertimo-nos imenso e claro, tive que saltar da prancha de 7 metros e meio.
As duas pranchas mais altas só abriram lá para as 6h ou 6h30, pelo que até lá, eu e o Garcia tivemos que nos contentar com a prancha de 2 metros e meio. O Matos não quis saltar nem dessa, por qualquer razão.

Passámos a tarde toda a mandar saltos doidos daquela prancha de 2 metros e meio, eu e o Garcia e foi o máximo. Tínhamos tudo: comida, piscina, liberdade e miúdas a olhar-nos de cada vez que saíamos da piscina

A prancha de 2 metros e meio estava óptima para mim, até abrirem a de 7 metros e meio e a de 5 metros, abriram as duas ao mesmo tempo, pelo que, como eu tinha que saltar da prancha de 7 metros e meio, e já estava tarde, não experimentei a de 5 metros.

Anyway, fiz um mortal para trás e dois para a frente dessa prancha e correu tudo bem.
Foi um dia memorável e eu quis repetir. Devo dizer que no regresso, como eu não tinha pago o bilhete (e por outras palavras, 'tava no comboio à penetra), tive que fugir do revisor e o Matos e o Garcia fugiram comigo.

Como já disse, adorei esse dia e tive que repetir, portanto, voltei a convidar o Garcia, o Matos, o Ricardo, o Monteiro, e mais alguém de certeza mas que não me 'tou a lembrar. O Matos não pôde ir por uma razão qualquer e o mesmo se passou com o Monteiro e o resto das pessoas. Por isso, fui sozinho com o Garcia (que nunca se corta e agradeço-lhe por isso) e o Ricardo (que tivémos de o ir buscar a casa xD).

Portanto lá fomos os três (desta vez paguei bilhete) e levámos comida na mochila porque a comida lá dentro é bué cara. Bem, estavam a revistar as mochilas à porta e tivemos que deixar a comida cá fora, escondida. Foi muito fixe porque no fim do dia ainda estava tudo intacto e soube como que um consolo pelo dia, que foi cansativo.

E voltando à coisa do live for the moment. Nesse dia voltaram a abrir as duas pranchas mais altas no fim do dia, o que me irritou um bocado porque tinha combinado com o Garcia que ele ia filmar o meu mortal para trás lá de cima. O dia passou e tivemos que nos contentar com a prancha de 2 metros e meio. O Ricardo, que tem quase 1metro e 90 também fez mortais dessa prancha e devo dizer que fiquei impressionado, apesar dele a maior parte das vezes (na melhor parte das vezes) cair sentado na água. Achei impressionante como é que ele conseguiu dar a cambalhota no ar, com apenas 2 metros de queda.

O tempo passou e lá abriram a prancha de 7 metros e eu mais uma vez tinha que saltar lá de cima, mas desta vez a gravar. E foi o que fiz. Subi, esperei a minha vez, todos se estavam a acobardar lá em cima, então eu disse "eu vou" e fui. Ou tentei. A empregada (gorda de merda --') viu que eu me ia atirar de costas, para fazer o mortal para trás e começou a refilar, da prancha de 5 metros. Eu ainda a tentei convencer a ela deixar-me fazer o mortal para trás mas sem sucesso. Um outro gajo, cujo nome não sei (porque não o conheço) também tentou convencer a gorda a deixar-me "deixe-o lá, ele sabe ele sabe! Eu já vi". Mas ela manteve a sua posição e não deixou (aparentemente, uns dias antes um gajo tinha partido a cabeça a fazer o mesmo).

Não ia desobedecer à gorducha (apesar de querer muito fazer o meu mortal pa trás) e lá tive de fazer um mortal para a frente, nem morto ia saltar de prego como a maioria das pessoas (só eu e o tal gajo que me tentou ajudar a convencer a gorda é que saltávamos sem ser prego). O Garcia filmou o salto, embora me tenha apanhado só a meio -esqueci-me de o avisar que ia saltar :S.

E fica aqui o video.



Gosto muito de ver este video, e devo dizer que não me farto. Mas, o que também devo dizer é que na altura que caí na água, e que foi praticamente de cabeça (embora os braços tenham ido primeiro), senti qualquer coisa a estalar no meu pescoço, fiquei um momento imobilizado debaixo de água, um milésimo de segundo que para mim pareceu bem mais que isso. Era como se tivesse levado com alguma coisa enorme na cabeça que me tivesse partido várias partezinhas do pescoço todas umas a seguir às outras. Ouvi tudo a estalar e senti que tinha que sair dali. Voltei à superfície e fingi que estava tudo bem, fiz .l. à gorda e saí da água.

Recebi um sermão de outros empregados da Piscina e fui-me embora. Agi como se estivesse tudo bem, e, de facto não me sentia mal, as dores tinham sido só naquele momento.

A partir desse dia, comecei a ter umas impressões no pescoço, que, ainda hoje tenho de vez em quando (e faz quase um ano!), sinto que não estou tão flexível quanto antes e às vezes quando inspiro fundo, sinto qualquer coisa cá dentro a estalar. Não dou importância ao que isto poderá querer dizer e por um lado até tenho orgulho.

Este ano vou repetir e espero que a gorda se lembre de mim, porque este ano vou subir lá acima mais vezes.

Se calhar devia pensar melhor no que me pode acontecer de cada vez que perco a noção, mas, por outro lado, preciso de sentir o perigo e sentir aquela coisa do "safei-me, mas 'tou pronto pa outra". Se calhar devia pensar mais no que faço, e pensar no que hei de fazer, mas prefiro assim. Afinal, live for the moment é isso mesmo. Dar o que temos no momento e esperar por ver o próximo dia.

Para deixar claro, é óbvio que me importo com o meu bem-estar e tudo isso, mas esta sensação de perigo/adrenalina/safar-me faz parte do meu bem-estar, e por isso, vou continuar a viver para o momento até que não haja momento para viver.

Live for the moment.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Ora, eu tenho andado a pensar e a única conclusão a que chego é que raramente dou o devido valor às pessoas. Mas também acho que somos todos assim, uns menos que outros.
Anyway, o que eu queria com este post era falar-vos de uma amiga minha, que conheci há mais ou menos um ano. Nessa altura eu estava a passar um mau bocado, e quando a conheci comecei a ficar melhor e mais calmo.
Ela era o tipo de pessoa que me ouvia, falava comigo, e em menos de pouco tempo ficámos muito amigos. Foi fixe, a nossa amizade, ultrapassei o meu pequeno problema que me atormentava todos os dias e ganhei uma amiga.
Passado algum tempo ela deixa de me falar. Passou a querer distância de mim e eu por um lado compreendo. O tempo passou e eu não deixei de a considerar minha amiga.
Entretanto ela voltou a falar comigo, também de repente e eu no principio achava que ela tava a gozar com a minha cara, mas afinal não. Começámos a vir para casa juntos, visto que ela é minha vizinha e apanhamos o mesmo autocarro e, penso que falo pelos dois quando digo que voltámos a confiar um no outro.
Às vezes, eu sei que te falo de maneira mais despreziva (isso existe?) e me passo com certas cenas tuas, mas acabo sempre também por descarregar um bocadinho, e por isso, desculpa, mas por outro lado é a ti que conto as minhas cenas mais profundas, e espero que leves isso como um elogio. Discutimos coisas parvas mas eu não me importo, porque sei que no fim de cada discussão não ficamos nem um pouco menos amigos que antes.
Quero que saibas que és uma grande amiga, que eu sei que vai estar cá sempre que for preciso, e quero que saibas que também vou estar cá para tudo, desde que não tejas sempre a pedir pa mandar mensagens ao João --'. xD
Obrigado por tudo, Daniela