Sempre fui de viver para o momento. Nunca penso em muito mais do que as próximas 24 horas e tento não planear coisas para muito tempo depois do momento. Gosto de correr riscos e sentir a adrenalina de me safar dos mesmos. Devo dizer que já estive perto de me lixar a sério várias vezes e tenho orgulho em dizer que me safei de todas, ou quase.
Se há uma oportunidade de fazer alguma coisa "malucamente adrenalinática", faço-a e raramente penso nas possíveis consequências. Sou do tipo de pensar "ya, existem consequências, mas comigo não" e mantenho o pensamento até me acontecer alguma coisa de muito má. Um dos acontecimentos que me levaram perto de me porem na merda foi no ano passado, na Piscina Oceânica.
Quem vai à Piscina Oceânica sabe que há 4 pranchas para as pessoas saltarem. Há uma de 7 metros e meio, uma de 5 metros, uma de 2 metros e meio e uma outra demasiado pequena para eu sequer me interessar em saber a altura.
Quando vi a prancha de 7 metros e meio, até delirei, adoro saltar de sítios altos, sentir a queda e sair vivo da mesma. É a minha zona de conforto, sinto-me livre e capaz e na altura como estou noutro planeta, não penso nas consequências. Não consigo.
No ano passado fui lá a primeira vez com o Matos e o Garcia. Foi brutal, divertimo-nos imenso e claro, tive que saltar da prancha de 7 metros e meio.
As duas pranchas mais altas só abriram lá para as 6h ou 6h30, pelo que até lá, eu e o Garcia tivemos que nos contentar com a prancha de 2 metros e meio. O Matos não quis saltar nem dessa, por qualquer razão.
Passámos a tarde toda a mandar saltos doidos daquela prancha de 2 metros e meio, eu e o Garcia e foi o máximo. Tínhamos tudo: comida, piscina, liberdade e miúdas a olhar-nos de cada vez que saíamos da piscina
A prancha de 2 metros e meio estava óptima para mim, até abrirem a de 7 metros e meio e a de 5 metros, abriram as duas ao mesmo tempo, pelo que, como eu tinha que saltar da prancha de 7 metros e meio, e já estava tarde, não experimentei a de 5 metros.
Anyway, fiz um mortal para trás e dois para a frente dessa prancha e correu tudo bem.
Foi um dia memorável e eu quis repetir. Devo dizer que no regresso, como eu não tinha pago o bilhete (e por outras palavras, 'tava no comboio à penetra), tive que fugir do revisor e o Matos e o Garcia fugiram comigo.
Como já disse, adorei esse dia e tive que repetir, portanto, voltei a convidar o Garcia, o Matos, o Ricardo, o Monteiro, e mais alguém de certeza mas que não me 'tou a lembrar. O Matos não pôde ir por uma razão qualquer e o mesmo se passou com o Monteiro e o resto das pessoas. Por isso, fui sozinho com o Garcia (que nunca se corta e agradeço-lhe por isso) e o Ricardo (que tivémos de o ir buscar a casa xD).
Portanto lá fomos os três (desta vez paguei bilhete) e levámos comida na mochila porque a comida lá dentro é bué cara. Bem, estavam a revistar as mochilas à porta e tivemos que deixar a comida cá fora, escondida. Foi muito fixe porque no fim do dia ainda estava tudo intacto e soube como que um consolo pelo dia, que foi cansativo.
E voltando à coisa do live for the moment. Nesse dia voltaram a abrir as duas pranchas mais altas no fim do dia, o que me irritou um bocado porque tinha combinado com o Garcia que ele ia filmar o meu mortal para trás lá de cima. O dia passou e tivemos que nos contentar com a prancha de 2 metros e meio. O Ricardo, que tem quase 1metro e 90 também fez mortais dessa prancha e devo dizer que fiquei impressionado, apesar dele a maior parte das vezes (na melhor parte das vezes) cair sentado na água. Achei impressionante como é que ele conseguiu dar a cambalhota no ar, com apenas 2 metros de queda.
O tempo passou e lá abriram a prancha de 7 metros e eu mais uma vez tinha que saltar lá de cima, mas desta vez a gravar. E foi o que fiz. Subi, esperei a minha vez, todos se estavam a acobardar lá em cima, então eu disse "eu vou" e fui. Ou tentei. A empregada (gorda de merda --') viu que eu me ia atirar de costas, para fazer o mortal para trás e começou a refilar, da prancha de 5 metros. Eu ainda a tentei convencer a ela deixar-me fazer o mortal para trás mas sem sucesso. Um outro gajo, cujo nome não sei (porque não o conheço) também tentou convencer a gorda a deixar-me "deixe-o lá, ele sabe ele sabe! Eu já vi". Mas ela manteve a sua posição e não deixou (aparentemente, uns dias antes um gajo tinha partido a cabeça a fazer o mesmo).
Não ia desobedecer à gorducha (apesar de querer muito fazer o meu mortal pa trás) e lá tive de fazer um mortal para a frente, nem morto ia saltar de prego como a maioria das pessoas (só eu e o tal gajo que me tentou ajudar a convencer a gorda é que saltávamos sem ser prego). O Garcia filmou o salto, embora me tenha apanhado só a meio -esqueci-me de o avisar que ia saltar :S.
E fica aqui o video.
Gosto muito de ver este video, e devo dizer que não me farto. Mas, o que também devo dizer é que na altura que caí na água, e que foi praticamente de cabeça (embora os braços tenham ido primeiro), senti qualquer coisa a estalar no meu pescoço, fiquei um momento imobilizado debaixo de água, um milésimo de segundo que para mim pareceu bem mais que isso. Era como se tivesse levado com alguma coisa enorme na cabeça que me tivesse partido várias partezinhas do pescoço todas umas a seguir às outras. Ouvi tudo a estalar e senti que tinha que sair dali. Voltei à superfície e fingi que estava tudo bem, fiz .l. à gorda e saí da água.
Recebi um sermão de outros empregados da Piscina e fui-me embora. Agi como se estivesse tudo bem, e, de facto não me sentia mal, as dores tinham sido só naquele momento.
A partir desse dia, comecei a ter umas impressões no pescoço, que, ainda hoje tenho de vez em quando (e faz quase um ano!), sinto que não estou tão flexível quanto antes e às vezes quando inspiro fundo, sinto qualquer coisa cá dentro a estalar. Não dou importância ao que isto poderá querer dizer e por um lado até tenho orgulho.
Este ano vou repetir e espero que a gorda se lembre de mim, porque este ano vou subir lá acima mais vezes.
Se calhar devia pensar melhor no que me pode acontecer de cada vez que perco a noção, mas, por outro lado, preciso de sentir o perigo e sentir aquela coisa do "safei-me, mas 'tou pronto pa outra". Se calhar devia pensar mais no que faço, e pensar no que hei de fazer, mas prefiro assim. Afinal, live for the moment é isso mesmo. Dar o que temos no momento e esperar por ver o próximo dia.
Para deixar claro, é óbvio que me importo com o meu bem-estar e tudo isso, mas esta sensação de perigo/adrenalina/safar-me faz parte do meu bem-estar, e por isso, vou continuar a viver para o momento até que não haja momento para viver.
Live for the moment.
segunda-feira, 28 de junho de 2010
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