sábado, 8 de abril de 2017
"Suneina" - 22-11-2011
O tempo acaba e há coisas que se deixam por dizer. E isso faz-nos chorar. E eu dou por mim a chorar. Porquê? Vou começar do início, e quem tiver paciência que leia até ao fim, mas eu tenho mesmo de dizer isto.
Suneina. Dou por mim a olhar para fotografias tuas e as lágrimas quase me vêm aos olhos. Impressionante, lembro-me de algumas das fotos como fossem memórias vividas, de um passado não muito distante. Lembro-me perfeitamente de tudo, a tua roupa, os teus medos, manias, o teu sinal na garganta (xD), das banduletes... de tudo. É nostálgico. Vejo um vídeo de uma reportagem que fizeram quando a Raw (xD) veio cá, em 2007/2008, e na reportagem apareces tu. Toda contente, a falar do Randy Orton. E aí sim, não aguentei e as lágrimas consumiram-me. Sim, passado tanto tempo esquecido, chorei pela Suneina. Chamem-me hipócrita, maluco... o que quiserem. Tudo bem. Mas não me podem julgar uma coisa que não compreendem.
Dizem-me para ultrapassar isto. Mas eu estou a ultrapassar. À minha maneira, mas estou. Não me faz bem estar assim (assim como? Já vamos a isso)? Mas faz. Faz-me muito bem estar assim, apesar de estar a sofrer. Sofrer é bom. A dor é boa. A dor é o primeiro passo para a cura. E quem não sente dor é porque não tem coração. Ultrapassar... Não é a fugir (como tenho vindo a fazer) que vou ultrapassar. Já tentei, e não resultou. Ou melhor, foi fugir que me fez estar a escrever isto agora. Quanto mais fujo, menos consigo ultrapassar, logo para ultrapassar há que parar de fugir, e começar a encarar, e lá está, a sentir a dor, que faz bem. Por ter tentado fugir é que estou nesta situação.
E agora, que tenho andado a falar sobre ti, sinto que tudo o que tinha cá dentro acumulado sobre ela, está finalmente a sair, e consequentemente a libertar-me. Parece que tenho um buraco no coração, e tudo o que estava e está acumulado está agora constantemente a sair cá para fora. E isso causa dor, claro, mas é dor que é boa. É uma sensação única e estranha. E eu gosto. E é isso que me está a fazer bem. Doi? Claro que doi, mas é uma dor de alívio, estou a libertar-me. A libertar-me de coisas que estavam acumuladas há meses e algumas há anos, e algumas nem eu sabia que estavam cá dentro.
Ao mesmo tempo, é uma nostalgia sem igual, que me consome e outra vez, chega a doer. E eu gosto. E está a fazer-me bem.
Coisas que eu julgava que não tinham importância nenhuma... afinal tinham e se calhar nem me cabe na cabeça o quanto. Coisas que, incoscientemente, me consumiam e me prendiam até de conseguir estar completamente solto no dia-a-dia, salvo algumas excepções. Mas mesmo as excepções, não me caíam tão bem quanto deviam. Porquê? Porque havia qualquer coisa cá dentro que não me deixava libertar a mente. Coisas essas, que eu julgava algumas até ter esquecido. Mas não. Não se esquece. Nunca. Está tudo fechado numa caixa a sete mil chaves, bem funda dentro de mim... conscientemente quase esquecida, mas insconscientemente sempre lembrada. Daí eu nunca ter percebido realmente o quão era importante procurar-te, Suneina, quando soube que não estavas bem... e até antes disso... quando sentia que havia algo que não estava bem.
Sinto imenso a tua falta. Não como namorada, isso sabemos que acabou há muito. Mas como alguém que eu sei que está cá, que é importante e que está bem. Sinto essa tua falta. As coisas não ficaram resolvidas, e ultimamente tenho andado a pensar imenso nisso.
É como ter uma pessoa a quem precisas de dizer imensas coisas, mas agora não podes... as coisas ficam cá dentro acumuladas e corróem-te aos poucos, sem sequer te aperceberes até um certo ponto de transbordo, explosão. Nesse ponto de explosão, chegas à conclusão que não consegues mais e tens de falar com a pessoa. E é aí que te apercebes que chegaste tarde. E isso também te corrói, porque antes, sabias inconscientemente, algures dentro de ti, que precisavas de ver a pessoa, e agora que tens a certeza, não podes. Outra coisa que corrói; arrependimento.
Arrependimento é dos piores sentimentos que uma pessoa pode ter, corrói lentamente, é uma corrosão que ocorre lentamente, mas gradual, e que chega uma altura que... não dá mais. E eu arrependo-me de duas coisas, mas agora que estou arrependido, não posso fazer nada, e isso magoa-me e destrói por dentro.
Houve momentos em que pensei mesmo procurar-te. Cheguei a pensar ir visitar-te/procurar-te ao hospital onde me disseram que estavas... mas antes disso ainda te liguei. Lembro me das tuas palavras como se tivessem a soar na minha cabeça agora mesmo "está tudo bem, Miguel... não te preocupes"... e disseste isso, não num tom zangado ou a despachar-me, mas num tom simpático, e isso foi o maior conforto que me podias ter dado. Mas mentiste. E não te culpo, eu compreendo... A partir daí comecei a pensar em ti, de vez em quando, mas não no sentido de "damn it, quero-a de volta", mas no sentido de "damn it, algo me diz que há algo com ela que não está bem". E ficou muita coisa por resolver, entre nós, mas agora que olho para trás... só o facto de me teres atendido o telemóvel (xD) acho que mostra que acabou por ficar tudo bem, e espero estar certo... e se não estiver, por favor dá-me um sinal, um sinal óbvio, faz com que me caia um piano em cima ou assim porque eu quero ter a certeza!
"Em Setembro vou sair daqui". Meu Deus, e como tinhas razão... Tu sabias... E tentaste, à tua maneira, que ninguém mais soubesse. Deste antes de Fevereiro de 2010, que comecei a receber sinais, em como te devia procurar, repito, receber... mas não processar. Oh, e foram tantos... E eu só me apercebo agora, e era tudo tão óbvio, mas não vou (agora) entrar em detalhes... nesses sinais, vejo muita ironia... demasiada, para ser "por acaso". Nada é por acaso. Nada.
Dou por mim a escrever isto... mas a realidade é que não sei se estas palavras vão chegar a ti, gosto de acreditar que sim... mas acreditar parece que nem sempre chega. Dizem-me para não pensar nisto, mas é impossível. E aliás, eu quero pensar nisto, e mesmo se não quisesse, é inevitável, e os últimos meses da minha vida provam isso mesmo.
Ao menos, a última imagem que tenho tua... estavas bem. Bem... esta palavra é tão usada, que às vezes chega a perder o seu verdadeiro sentido... o que eu quero dizer, é que estavas realmente bem... Mas, mesmo com essa última recordaçao visual boa, eu gostava de ter estado lá dia 1 de Setembro de 2010 só para te ver... uma última vez.
Ao longo desse tempo que sentia que alguma coisa não estava bem, tentei manter-me (sentir-me) perto de ti, ao fazer as coisas mais variadas, mais estúpidas e mais sem sentido que consigo imaginar, tendo em conta o objectivo. Coisas que aparentemente não tinham nada a ver contigo, e aparentemente fazia parte do meu dia-a-dia, mas nada disso, sempre que as fazia, lembrava-me de ti. O exemplo que vou dar é da altura em que andei (com uns amigos) a atirar ovos ao Benny Boy, Bernardo Dias (desculpa aí o mau jeito, mano ;) ). Sim, eu a atirar ovos ao Benny lembrava-me de ti, e mais que isso, sentia-me um pouco mais perto de ti. Parece ridículo, estúpido e sei lá mais o que, mas a verdade é que ele estava ligado a ti de alguma forma, e por ele estar ligado a ti, ao estar eu a "conviver" (à falta de melhor palavra) com ele, sentia-me ligado a ti também, ainda que fosse a persegui-lo na rua para lhe atirar um ovo à cabeça.
Nunca cheguei a interiorizar o que realmente se passou dia 1 de Setembro de 2010, e nem agora, passado quase um ano, nem agora interiorizei. E isso corrói também. Precisas de, pelo menos ver uma pessoa, ao mesmo tempo sabes que é impossível, mas nem realmente está interiorizado o porquê. É demasiado para a minha cabeça, por agora. E o que me "chateia" é só o facto de não poder ver que estás minimamente bem. E custa? Custa. Custa não ter como te ver, e não é pouco. Eu não encaro a morte como uma coisa má. Simplesmente não encaro porque na realidade não sei o que é... nunca passei por isso. Não sei realmente o que é a morte... mas uma coisa sei e sinto e tenho a certeza... eu ainda te vou ver. Sinto-me honrado e privilegiado por ter passado dezasseis meses da minha vida ao teu lado, o que nem é muito, mas já é algum tempo...
Fiz-te uma promessa há tanto tempo atrás, Suneina, e tenciono cumprir. Qual? Tu sabes, e deixo assim por enquanto, mas mais tarde ou mais cedo, toda a gente vai saber. E isso, é uma promessa.
Bem, e com isto acabo de escrever. Olho para trás, releio e repenso. E pergunto-me. "A sério, Miguel? Só tens isto para lhe dizer?" Claro que não mas nem sempre conseguimos escrever tudo o que pensamos, nem sempre há ou temos as palavras certas, mas isso não importa. Sei sentir o que ainda não sei escrever, e isso ninguém me tira...
"Porque as estrelas somos nós." :)
22-Novembro-2011, Parabéns,
Adoro-te amiga, e vemo-nos mais à frente na estrada.
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